domingo, 10 de fevereiro de 2008

Plano propõe tartaruga como símbolo turístico de Cabo Verde

Cabo Verde quer estabelecer as tartarugas marinhas como emblema do país para divulgação turística e tornar a preservação da espécie tema dos currículos escolares, segundo um plano nacional apresentado quarta-feira na ilha do Sal.

«O plano nacional para a conservação das tartarugas marinhas em Cabo Verde», previsto para ser apresentado em Setembro passado, entrará em vigor este ano e vai ser dado a conhecer em todas as ilhas nos próximos meses, disse hoje à Lusa a coordenadora do plano, Sónia Araújo, da direcção-geral do Ambiente.

Às ilhas de Cabo Verde chegam em cada Verão centenas de tartarugas para desovar mas é frequente que os populares as matem, para comer, e destruam também os ovos.

Cabo Verde faz parte das rotas de migração de cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo.

A espécie que mais procura as praias cabo-verdianas, «Caretta caretta» ou tartaruga-comum, não está ainda na lista dos animais em perigo de extinção a curto prazo, embora a tartaruga «cagueda», essa sim em risco, também se encontre nas águas de Cabo Verde, sendo com frequência morta por pescadores.

O plano do governo prevê «assegurar a conservação durável das tartarugas marinhas», proporcionando meios para implementar actividades de conservação e promover a aplicação da lei, de acordo com o documento, a que a Agência Lusa teve acesso.

A matança de tartarugas era proibida desde 1997 entre os meses de Junho a Fevereiro e desde 2002 a proibição estendeu-se ao ano todo, embora ainda no Verão passado tenham sido mortas muitas dezenas, praticamente em todas as ilhas.

Por isso, o plano quer «incrementar uma atitude favorável para a conservação das espécies» e «reduzir as práticas ilícitas de captura, de comercialização e de consumo de tartarugas marinhas e seus derivados» (nomeadamente o consumo de pénis de tartaruga, que nalgumas zonas do arquipélago é considerado um afrodisíaco).

O governo quer conhecer melhor a tartaruga marinha e os seus hábitos e envolver a população nas acções de conservação, porque as tartarugas «estão actualmente ameaçadas de extinção devido aos fortes impactes causados principalmente pelo homem», pode ler-se no plano.

Além de proibir a matança de tartarugas Cabo Verde ratificou a Convenção sobre Diversidade Biológica em 1995 e desde 2005 faz parte da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES).

Ao nível regional Cabo Verde integra o Programa Regional de Conservação da Zona Costeira e Marinha da África Ocidental (PRCM) e a Unidade Regional de Conservação das Tartarugas Marinhas da Costa Atlântica de África (URTOMA).

Em declarações à Lusa, recentemente, Sónia Araújo tinha dito que o governo tem «uma ideia» do que se passa em todas as ilhas em termos de saídas de tartarugas com excepção das ilhas do Fogo e da Brava.

Nas ilhas do Maio, Santo Antão, S. Vicente, Sal e Boa Vista há sensibilização para a causa das tartarugas, disse. Em Santiago apenas nalgumas praias, como constatou a Lusa durante a última época de saída de tartarugas.

Em Cabo Verde, no Verão, uma tartaruga é vendida, em média, por 40 euros e é morta geralmente em clima de festa, sendo aberta e estripada com vida.

De acordo com a página da Internet www.seaturtle.org Cabo Verde acolhe a terceira maior população mundial de tartarugas-comuns e a segunda maior do Oceano Atlântico.

O plano hoje apresentado tem a duração de cinco anos, com revisão ao fim de três.
Fonte: Diário Digital

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