terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Pescadores comem Rabijunco e destroem ninhos e ovos na Boa Vista

Várias pessoas na Boa Vista, sobretudo pescadores, andam a comer e a destruir ninhos e ovos de Rabijunco - uma ave marinha endémica, em vias de extinção desde os anos 90. Na zona da “Rotchona”, Ponta de Sol e Ponta do Roque, locais onde geralmente vive essa espécie, pode-se encontrar muitas penas e bicos de aves, cascas de ovos e ninhos vandalizados. O crime foi denunciado por gente preocupada com o meio ambiente e a preservação das espécies.
Foi há duas semanas que, no seu habitual passeio, um grupo de pessoas se deparou na Rotchona com dezenas de bicos, penas e cascas de ovos de Rabijunco espalhados pela zona, vários ninhos também tinham destruídos. Uma “crueldade”, segundo aqueles cidadãos, praticada sobretudo por pescadores que procuram esses lugares para descansar depois de um dia de trabalho. Também existem Rabijuncos nas zonas de Ponta de Sol e Ponta do Roque, onde convivem com outras espécies protegidas, como o Rabil, Cagarra e várias outras aves marinhas.

Conforme o grupo conta, havia sinais de que se anda a fazer “churrasquinhos de Rabijunco”. “Encontrámos cinzas e restos de carvão, bicos, penas e até cascas de ovos espalhados por toda a zona. Também havia ninhos totalmente vandalizados”, descreve uma das nossas fontes. “Ficámos ainda mais perplexos, quando nos informaram que noutras zonas também havia restos desses animais”, realça a nossa fonte que diz ainda que o grupo, preocupado, procurou as autoridades competentes para denunciar o crime.

Contactada, a Natura 2000, projecto de protecção às espécies em extinção na Boa Vista, deslocou uma equipa à zona de Rotchona para averiguar a situação. Depois de confirmar o acto criminoso, a Natura 2000 informou sobre a Delegação Marítima, que prometeu iniciar o patrulhamento nessas zonas. O Rabijunco é protegido pela Natura 2000, que monitoriza a espécie em Ponta de Sol e Ponta do Roque.

Em conversa com asemanaonline, o delegado marítimo Nadir Almeida disse que está a par da situação, mas que ainda não começaram a fiscalização nessas zonas por falta de meios materiais. Segundo Almeida, a Delegação Marítima na Boa Vista além de não dispor de nenhuma viatura, só conta com dois efectivos. “Contactámos a Delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente, que prometeu disponibilizar uma viatura para esse efeito. Portanto devemos iniciar as operações ainda esta semana”, garante.

Este jornal também procurou a Câmara para saber como anda o plano ambiental do município. Conforme o vereador do Ambiente, Osvaldo Pires, a autarquia realizou há dois anos uma campanha de sensibilização contra a caça de aves em extinção. “Pensamos retomar essa campanha”, avança Pires. O vereador relembrou que o consumo de Rabijunco como alimento é uma prática muito antiga, mas que passou a ser um crime desde que foi proibida por única Lei. Portanto, “é preciso ter a consciência de que é uma ave em vias de extinção e que precisa ser protegida por todos nós”.

A Boa Vista já foi uma ilha muito rica em termos de ecossistema. Onde mar e o céu combinavam para acolher várias espécies, que estão hoje em vias de extinção. Além das conhecidas tartarugas vermelhas, que procuram a costa da ilha para a desova, muitas aves marinhas endémicas atraem pela sua beleza rara. E o espectáculo que esses dons da natureza proporcionam devem tornar-se numa das mais fortes ofertas turísticas desta ilha. É que, como já disse alguém, não só de praia e sol se faz o turismo. Portanto, o Rabil, o Rabijunco, a Cagarra, entre várias outras espécies precisam ser protegidas e preservadas. Vale a pena lembrar que esta tarefa compete a cada um de nós!
Fonte: A Semana Online

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