segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Zoos devem salvar crias rejeitadas?

Ainda não tem nome mas a sua história já corre mundo, ilustrada por milhares de imagens televisivas. Já tem até um namorado encomendado. A ursa polar que nasceu há dias em Nuremberga e foi rejeitada pela mãe, levando o zoo a optar por cuidar dela, é mais um caso a apaixonar a opinião pública, depois do famoso Knut. E a relançar a questão da intervenção do homem no curso normal da natureza.

Primeiro Wilma deu à luz dois ursos polares. Mas a suspeita de que os filhos estavam doentes levou-a a rejeitá-los e a comê-los, acreditam os tratadores do zoo de Nuremberga. Dias mais tarde, outro nascimento no zoo alemão: Vera, outra ursa polar, teve um bebé. Ao verem a mãe a carregar nas garras a sua cria, os responsáveis perceberam que algo de estranho se passava e temeram que Vera não conseguisse tratar da cria. Mas decidiram não intervir no curso da natureza, deixando mãe e filha entender-se sem perturbações exteriores. Mais tarde, e depois de uma enorme pressão mediática, voltaram atrás e resolveram separá-la da mãe e criá-la artificialmente, alimentando-a com um biberão.

"A segurança dos animais novos é a nossa prioridade", afirmou Helmut Maegdefrau, director do zoo. Uma afirmação polémica, que é subscrita por uns e contestada por outros.

Se os zoos não servem para salvar a vida aos animais, então servem para quê? É esta a questão deixada por quem considera que um urso polar bebé não pode ser deixado à morte só porque a mãe não soube cuidar dele. E como deixar a natureza actuar quando as condições em que vive um animal em cativeiro nada têm a ver com o habitat natural? Mas outras vozes de protesto se levantam, questionando até onde deve intervir o homem na relação natural que liga mãe e cria. Além disso, dizem estes defensores, os animais aprendem com os erros e, se à primeira não sabem lidar com a maternidade, à segunda actuarão de modo diferente.

Para Eric Ruivo, a discussão não pode situar-se ao nível do sim ou não, pois "cada caso é um caso, que tem de ser ponderado". Ao DN, o responsável pela colecção animal do Zoo de Lisboa afirmou que retirar um animal da mãe e criá-lo artificialmente deve ser o último recurso, pois ele será sempre perigoso e problemático. "O mais importante é preservar o património biológico da terra, a diversidade genética." E as espécies vão perdendo características quando crescem em ambiente artificial. Em caso de perigo de extinção o salvamento pode ser crucial. Mas se houver repovoamento, estes indivíduos terão de ser fortes para desempenhar essa tarefa.
Fonte: DN Online

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