quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Descoberta de carapaças de tartaruga na Gambôa (Cabo Verde) preocupa autoridades

Foi encontrado na Praia da Gamboa, perto do restaurante Beira Mar, há alguns dias atrás, cerca de oito carapaças de tartaruga marinha (como as fotos comprovam). Os animais terão sido mortos pouco tempo antes de termos encontrado estas carapaças, uma vez que ainda havia marcas de sangue e de carne. Este é um caso entre muitos outros que continuam a acontecer em Cabo Verde, e embora - admite a ministra do Ambiente e Agricultura - "os comportamentos estejam a mudar, ainda há violações graves". Já a Polícia Marítima mostra-se preocupada perante a crescente caça às tartarugas marinhas e queixa-se da falta de meios para fiscalizar.


Confrontado com este caso, o capitão da Polícia Marítima do Sotavento disse estar "preocupado" com a crescente caça às tartarugas marinhas que se vem registando nos últimos tempos em Cabo Verde.

João de Barros considera a situação preocupante porque, tendo em conta que a carne da tartaruga ainda é bastante procurada no país, os pescadores estão a intensificar a captura deste animal sem medir as consequências. “Neste ano, a tendência é de aparecerem grandes quantidades de tartarugas na praça, tanto vivas como mortas”, adianta João de Barros.

A ministra do Ambiente e Agricultura admite que há ainda "violações graves", mas que se está "num processo de mudança de comportamentos, que leva o seu tempo". "Temos um registo positivo de que os comportamentos estão a mudar, como podemos registar agora na Boa Vista, em que há cem saídas por noite de tartarugas".

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Estas são as 8 carapaças de Tartaruga encontradas no meio do lixo
(Clica na imagem para ampliar)

Madalena Neves acredita que a campanha de sensibilização que tem sido feita nas escolas (em especial no início do ano lectivo), o “envolvimento da sociedade civil nas campanhas de protecção de ovulação, acompanhamento da desova e protecção dos ninhos” e “o trabalho que tem vindo a ser feito com os pescadores” está a contribuir para que a captura das tartarugas diminua.

"Temos vindo a sensibilizar os pescadores com a campanha que diz que ’Uma tartaruga viva vale mais do que uma tartaruga morta’", refere a ministra.

Mas João de Barros afirma, por seu lado, que os pescadores continuam a capturar em demasia a tartaruga, queixando-se da falta de meios (em especial, viaturas) na Polícia Marítima para fazer a devida fiscalização das zonas costeiras.

“Neste momento, só temos uma viatura para fiscalizar, mas mesmo assim torna-se difícil porque às vezes não temos combustível para nos deslocarmos às zonas onde estão a ocorrer as capturas”, elucida o capitão dos portos de Sotavento.

Sobre este problema, a ministra do Ambiente avança que o Ministério da Administração Interna, no âmbito da reestruturação que está a ser feita na Polícia Nacional, está a "trabalhar para conseguir os meios necessários para a fiscalização".

A criação de uma linha verde para denúncias de crimes ambientais, numa parceria da DGA com a CV Telecom, e a implementação de um plano de gestão de protecção das tartarugas são projectos que estão prestes a arrancar e que vão garantir uma acção mais activa contra a captura das tartarugas marinhas, adianta ainda Madalena Neves.

Conhecedor de inúmeros casos no terreno, João de Barros contou ao "asemanaonline" que em locais como Achada Baleia, na ilha de Santiago, a captura de tartarugas é "intensa" e faz-se à vista de todos.

"Recentemente um cidadão amigo da natureza constatou que, na Achada Baleia, um grupo de pescadores estava a caçar tartarugas em grandes quantidades e dirigiu-se à PM para registar a ocorrência. Ele disponibilizou a sua própria viatura para irmos ao local e verificamos que a caça deste tipo de animal é bastante intensa", conta o capitão da Polícia Marítima. “Na falta de meios, contamos com a ajuda destes amigos da natureza pois são eles que, na maioria das vezes, detectam casos de caça ilegal e nos comunicam, prestando um grande apoio”, acrescenta.

Segundo o chefe da PM, a ausência de uma representação da entidade que dirige no Portinho, na Achada Leitão e no Porto da Praia contribui também, "em grande medida, para intensificação da captura desta espécie", que está classificada como em vias de extinção.

No ano passado, segundo relata Barros, registou-se mesmo um caso insólito, em que uma tartaruga escapou à morte por três vezes. De cada vez que a Direcção Geral das Pescas ia identificar este animal encontrava já em volta de uma das suas patas um dos anéis de identificação que lá tinha deixado anteriormente - ao fim de três salvamentos, esta tartaruga já tinha três anéis!

Apesar dos inúmeros atentados à vida das tartarugas, e de existir ainda no país vários locais onde se come a carne deste animal, destaca-se o trabalho que tem vindo a ser feito em locais como São Francisco, à saída da cidade da Praia. Nessa praia, um grupo de cidadãos "amigos da natureza" faz vigias de noite durante a época da desova. A iniciativa partiu de Mário Lopes, proprietário da esplanada Catumbela, em São Francisco, que se juntando a alguns amigos resolveram contratar guardas para a praia, procurando acabar "com a caça tão intensa de tartarugas marinhas que havia naquela praia".

Fonte: A Semana Online

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