quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Churra do Campo está salva

Câmara tenta recuperar a churra do campo, uma ovelha típica do concelho, que abrangia também freguesias do norte de Idanha-a-Nova e da zona este do Fundão.

“Tratava-se de um animal muito adaptado às terras raianas, que no Verão quase não tinha alimento. Apesar deste factor, a ovelha sobrevivia, porque estava adaptada às condições climáticas desta zona” explica António Cabanas, vice-presidente da autarquia.
Apesar da sua importância na região, a churra do campo era uma ovelha com um grau de rendimento reduzido, nomeadamente na quantidade de leite e carne. Por outro lado, a lã era constituída por uma fibra mais grosseira, e menos apreciada nessas alturas, sendo substituída com a introdução de raças exóticas, mais produtivas, quer em carne que na sua produção de leite e qualidade da lã. “Perante esta situação, a churra do campo, esteve quase extinta nos manuais académicos. Se a autarquia não iniciasse o seu processo de recuperação, a raça seria perdida para sempre” lembra o autarca.
Para António Cabanas, os resultados obtidos da introdução das ovelha exóticas, consideradas “muito produtivas” provocou uma “adulteração completa” nomeadamente nos queijos, porque o leite já não tem a qualidade que possuía com estas ovelhas ancestrais e tradicionais. “Embora se tratasse de muita quantidade de leite, a qualidade era reduzida face ao pouco teor de gordura e de proteína. Por outro lado, as carnes produzidas de forma rápida e intensiva, não tem a mesma qualidade que uma carne produzida com calma, como era o exemplo da churra do campo”, cuja carne sempre foi apreciada assim como seu queijo de “altíssima” qualidade. “As pessoas começam a aperceber-se da diferença, pelo que existe lugar no mercado para uma ovelha que estava quase extinta, e que pode ser recuperada, como um produto de alta qualidade” garante o autarca, lembrando que ao perder-se esta raça, também se perde a biodiversidade, e esta reflecte-se por exemplo na resistência que as ovelhas e o gado em geral, possa oferecer a determinado tipo de doenças. “A churra do campo era um animal muito resistente a determinadas doenças, ao contrário das ovelhas exóticas”.
Acreditando que a churra do campo vai voltar a “singrar” nos mercados de Penamacor e nos concelhos vizinhos, o autarca, lembra a propósito os “inúmeros” telefonemas e e-mails recebidos de produtores a solicitar a venda de ovelhas, sendo esta uma “prova” de que o trabalho levado a cabo na sua recuperação tem dado resultados positivos. “Estamos a apercebermo-nos de que esta aposta da autarquia neste projecto, valeu a pena, pelo que ao salvarmos uma raça que pertence a estas terras, estamos de consciência tranquila, pelo esforço e empenho em salvar a churra do campo”, recordando que tudo começou com um rebanho de 14 animais pertencentes a um pastor natural da freguesia de Pedrógão de São Pedro, assim como foram também encontrados na fase inicial da recuperação, outros rebanhos com alguns exemplares que apresentavam traços da churra. “Através destes rebanhos adquirimos um certo número de ovelhas, pelo que actualmente temos ao dispor cerca de 60 churros do campo no rebanho propriedade da autarquia e ainda 40 a 50 ovelhas que estão na Escola Superior Agrária de Castelo Branco, sendo umas para estudo e outras que já foram adquiridas pela própria escola, havendo ainda um produtor que adquiriu ovelhas churra, pelo que presentemente temos um universo com cerca de 180 animais com traços de churra já muito próximos da pureza genética, pelo que a raça está salva”.
Recorde-se que há três anos a esta parte a Câmara Municipal de Penamacor, em conjunto, com a Escola Superior Agrária, do Instituto Politécnico de Castelo Branco, conseguiu salvar a raça que o Ministério da Agricultura já tinha dado como extinta.
No horizonte da autarquia, está o relançamento deste projecto no próximo Quadro Comunitário de Apoio. “Não podemos permitir que a churra do campo possa outra vez ser condenada à sua extinção, pelo que vamos continuar a trabalhar pela sua preservação” conclui o autarca.
Fonte: As Beiras Online

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