quinta-feira, 8 de maio de 2008

Aquecimento global ameaça fauna dos trópicos

A biodiversidade do planeta concentra-se nas regiões tropicais

Insecto

Em breve, as imagens de ursos polares ou pinguins isolados num pequeno pedaço de gelo à deriva no Pólo Norte podem ser substituídas, na ilustração dos efeitos do aquecimento global na fauna do planeta, por imagens de insectos moribundos nas sombras da vegetação tropical. Pelo menos, se se confirmar o alerta lançado esta semana por uma equipa de cientistas da Universidade de Washington, segundo o qual os insectos, anfíbios e outras espécies que vivem nos trópicos enfrentam um risco maior perante o aumento das temperaturas médias do planeta.

A explicação é simples: "Há uma forte relação entre a fisiologia das espécies e o clima onde habitam", esclareceu Joshua Tewksbury, professor assistente de Biologia, da referida universidade norte-americana, citado pelo site Science Daily. "Nos trópicos, muitas espécies parecem estar a viver numa temperatura que lhes permite sobreviver. Mas assim que a temperatura subir acima dessa fasquia ideal, os níveis de adequação deverão descer rapidamente e não haverá muito a fazer", acrescentou.

Na prática, o problema reside no facto de os insectos, rãs, lagartos ou tartarugas não tolerarem uma grande amplitude de temperaturas, porque os parâmetros que enfrentam são relativamente constantes ao longo do ano. Ao contrário das espécies polares - que desenvolvem formas de autodefesa às agressões climáticas como, no caso dos ursos, uma camada mais grossa de pêlo -, a única alternativa nos trópicos para fugir às elevadas temperaturas é procurar protecção nas sombras ou esconder-se nos solos. A mera subida média de um ou dois graus pode pôr em risco inúmeras espécies tropicais.

O estudo da Universidade de Washington, publicado pela Proceeding of National Academy os Science, teve em conta a evolução das temperaturas entre 1950 e 2000 e as projecções do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas para os primeiros anos do século XXI. Depois, compararam essa informação com os dados sobre a relação das espécies tropicais com a temperatura ambiente, nomeadamente como essa relação influencia o crescimento das populações ou os seus desempenhos físicos.

O estudo ganha maior relevância porque incide numa região que concentra a biodiversidade do planeta. Segundo um dos autores do estudo, Curtis Deutsch, "os insectos desenvolvem funções essenciais para os humanos e ecossistemas, como a polinização das colheitas ou a transformação da matéria orgânica em nutrientes para outros organismos". Por outro lado, se as alterações climáticas limitam a vida dos insectos nos trópicos, também contribuirão para aumentar a sua reprodução nas latitudes mais elevadas, o que acabará por ter efeito nesses ecossistemas.
Fonte: Diário de Notícias (Portugal)

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